terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tremor de terra atinge Uberaba e assusta moradores

Abalo de 3,1 graus na Escala Richter foi sentido em mais cinco municípios


Os habitantes de Uberaba, cidade a 110 quilômetros de Uberlândia, foram surpreendidos ontem por um tremor de terra que atingiu 3,1 pontos na Escala Richter. O abalo foi registrado às 12h19 pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) e sentido em um raio de 50 quilômetros pelos moradores dos municípios de Conquista, Ponte Alta, Sacramento, Santa Juliana e Nova Ponte. A Defesa Civil de Uberaba, onde foi localizado o epicentro do tremor, informou que até o início da noite de ontem, não havia registro de danos físicos ou materiais.

Abalos desta magnitude são pouco comuns no Brasil. Segundo o auxiliar em pesquisa do Observatório Sismológico Daniel Caixeta, são registrados 10 a 20 tremores por ano no País com estas características. “A maioria em regiões não habitadas. Muitos não têm expressão nem geram conseqüências”, afirmou. O tremor de terra de ontem em Uberaba surpreendeu os próprios estudiosos da UNB, que não encontraram nos registros do observatório outro abalo semelhante no Triângulo Mineiro.

Os técnicos da Universidade de Brasília vão investigar o fenômeno e continuar monitorando a região nos próximos dias. “Estamos em alerta, esperando qualquer informação a mais”, disse Daniel Caixeta. As causas serão divulgadas depois das análises. “É possível que se trate de uma estrutura muito frágil com pequenas falhas tectônicas. Precisamos de um estudo minucioso para identificar melhor.”

No momento do tremor, a Defesa Civil de Uberaba recebeu mais de 30 chamadas. A maioria partiu de moradores da zona Sul, nos bairros de Valim de Melo e Gameleira. De acordo com o secretário de Trânsito, Transportes Especiais e Proteção de Bens e Serviços Públicos, Fabiano Lopes dos Santos, dois técnicos e um engenheiro do município percorreram as casas, de onde partiram as ligações, para verificar possíveis danos. “Ainda não temos condição de afirmar com certeza, mas até agora não tivemos problemas. O abalo foi maior na zona rural”, afirmou Santos.

Os pontos da Escala Richter medem a quantidade de energia liberada durante a quebra da estrutura tectônica. “Os 3,1 revelam que a falha não foi muito grande. Mas qualquer fato desconhecido acaba causando susto na população”, afirmou o pesquisador da UNB Daniel Caixeta.

Moradores de vários bairros sentiram o abalo

Três dias depois de ser surpreendida por uma chuva de granizo e uma enchente no Centro da cidade, Uberaba voltou a ser abalada ontem por um tremor de terra de 3,1 na escala Richter. Várias pessoas que estavam nos bairros Residencial 2000, Gameleira, Estados Unidos, Valim de Melo e São Benedito sentiram o abalo sísmico.

De acordo com a Defesa Civil, não houve registro de feridos ou desabrigados, mas vários moradores da cidade reclamaram do susto provocado pela queda de objetos das prateleiras.

Adão Bento Sene Júnior, gerente do Banco do Brasil em um posto de atendimento situado no interior do Parque Fernando Costa, acreditou inicialmente que o tremor tivesse sido provocado pelo descarregamento de carga pesada ou a passagem de um caminhão próximo ao local onde fica a agência.

“Eu e o vigilante da agência Luciano sentimos o tremor na hora. Foi próximo ao horário do almoço. Estava sentado e senti uma vibração rápida, na minha perna. Teve duração de um a dois segundos. Só me dei conta do que tinha ocorrido 10 minutos depois, quando um cliente que tem fazenda em Conquista me ligou e perguntou se eu tinha sentido também a terra tremer.” Reginaldo Palhares, bancário, disse que sentiu o tremor, mas também não achou que fosse grave.

Na casa de Maria de Fátima Miranda Silva, no bairro Valim de Melo, além de assustar, o tremor deixou marcas. Segundo ela, havia uma pequena rachadura na parede. O abalo fez com que a fenda aumentasse de espessura e de tamanho. “Agora a gente fica com medo, não sabe ao certo até que ponto a estrutura da casa foi prejudicada nem se acontecerá de novo. Acabou nossa tranqüilidade.”

A moradora do Jardim Maracanã, Carolina Maria dos Reis estava deitada na cama quando sentiu o quarto balançar e um barulho semelhante a um trovão. “Levantei e corri para fora da casa. Todos na rua se assustaram e também tiveram a mesma reação”, disse.

O que é um terremoto?

É a movimentação abrupta de partes da Terra devido à ocorrência de uma fratura na litosfera (camada rígida mais externa da Terra de até 100 quilômetros de espessura). A fratura gera um movimento relativo abrupto de uma parte do terreno, numa região de fraqueza (falha) submetida a esforços crescentes ao longo do tempo. O movimento se dá no instante em que a rocha se rompe, por ter atingido o seu limite de rigidez elástica.

Onde acontecem os terremotos?

Os terremotos podem ocorrer em qualquer parte da Terra. Entretanto, sabe-se que eles são mais freqüentes nas bordas ou nos limites de placas tectônicas, onde elas se tocam ou se roçam, produzindo quebras ou rupturas.

O Brasil está livre de terremotos?

Não. Por estar situado no interior da Placa Sul-americana, o Brasil não está sujeito a grandes terremotos, mas quase todos os dias ocorrem pequenos tremores de terra, que são chamados de microtremores e não são, na grande maioria, suficientes para causar danos à população brasileira.

Qual foi o maior terremoto ocorrido no Brasil até hoje?

O maior terremoto que já ocorreu no Brasil foi em 31 de janeiro de 1955, no Norte do Estado do Mato Grosso. O terremoto atingiu a magnitude 6,2 na Escala Richter e, por ter ocorrido em área desabitada, não causou danos materiais nem a pessoas. Entretanto, foi forte o suficiente para ser percebido em Cuiabá, situada a 380 quilômetros ao Sul do epicentro.

É possível prever um terremoto?

Não. Os terremotos não são ainda previsíveis e, mesmo que fossem, não poderiam ser evitados. Entretanto, existem casos conhecidos de previsão de terremoto observando-se o comportamento dos animais. O que é possível atualmente é estimar uma provável ocorrência de terremotos por meio da observação da história sísmica de determinada região, avaliando a freqüência com que estes tenham ocorrido naquela região, mas sem qualquer possibilidade de previsão do momento e do local exatos onde ocorrerá o terremoto.

O que é a escala de magnitude?

É uma escala que mede o tamanho dos terremotos e se relaciona com a quantidade de energia liberada no foco sísmico ou ponto de origem das ondas sísmicas e também com a amplitude das ondas registradas pelos sismógrafos. A mais utilizada é a Escala Richter, que foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles Francis Richter e Beno Gutenberg, do California Institute of Technology (Caltech), quando estudavam sismos no Sul da Califórnia.