terça-feira, 4 de março de 2008

Morte de menina que chocou Santa Catarina completa um ano hoje

Gabrielli foi encontrada no tanque batismal de igreja em Joinville


Há um ano, Joinville registrava um dos crimes de maior repercussão de 2007. Gabrielli Cristina Eichholz, de um ano e seis meses, foi encontrada desacordada no tanque batismal do templo em obras da Igreja Adventista do Sétimo Dia, no Bairro Jardim Iririú, em Joinville. Ela morreu a caminho do hospital.

Depois de muita polêmica e dúvidas, o caso ainda não foi concluído, mas pode estar perto do fim. Assim que o Tribunal de Justiça devolver o processo, o Ministério Público terá cinco dias para reforçar as acusações. A defesa terá mais cinco dias para se pronunciar. A expectativa é de que a data do júri seja divulgada ainda neste mês.

Um suspeito está no Presídio Regional de Joinville. O servente de pedreiro Oscar Gonçalves do Rosário, de 22 anos, foi preso em casa, em Canoinhas, no Planalto Norte, acusado de ter violentado e provocado a morte de Gabrielli. Depois de confessar o crime à polícia e participar da reconstituição, ele negou em juízo.

Em outubro passado, o juiz Renato Roberge, da 1ª Vara Criminal de Joinville, resolveu levar o acusado a júri popular. A advogada de defesa, Elizangela Asquel Loch, entrou com recurso no Tribunal de Justiça (TJ) de Santa Catarina, negado em dezembro passado.

Na semana passada, a assessoria da 1ª Vara Criminal confirmou que o processo ainda não voltou do TJ. Por isso, ainda não foi marcada a data do julgamento.

Elizangela acredita que Gabrielli morreu acidentalmente. Ela sustenta a tese de inocência em fatos como a falta de coleta de material no corpo para a realização de exame de DNA para comprovar se houve violência sexual.

A defesa ainda conta com o álibi de uma ligação feita de um telefone público que fica a dois quilômetros do local do crime, na manhã em que a menina morreu. Oscar garante que ligou para a família, às 9h, em Canoinhas, avisando que retornaria naquele dia para casa.

Segundo a defesa, ele não teria tempo de ligar para os pais, correr mais de dois quilômetros, passar em um bar para beber e entrar no templo que reunia cerca de 200 pessoas sem ser percebido, pegar a criança que brincava sozinha no pátio, violentá-la e jogá-la no tanque.

A procuradoria acredita que não há dúvidas sobre a autoria do crime e lembra que Oscar confessou o crime espontaneamente, embora tenha negado em juízo.

Vida nunca mais será a mesma


Na casa da família de Gabrielli, ninguém esquece a tragédia. A mãe, Andréia Pereira, disse que a vida nunca mais será igual, embora tenha motivos para continuar lutando. Andréia está grávida de seis meses. Será o seu terceiro menino.

Ela afirmou que a alegria de um novo filho não acaba com a revolta pela morte da filha.

— Nada vai substituir minha filha.

A família continua a pedir por justiça.

— Não vamos esquecer nem nos acostumarmos nunca.

Para ela, hoje será um dia normal.

— Não será diferente, porque todos os dias lembramos dela. Nada que façamos vai trazer minha filha de volta.

Andréia não acusa nem defende Oscar. Ela pede apenas que a Justiça faça o seu trabalho e que o culpado seja condenado.

— Não posso dizer se foi acidente ou não. Mas sei que a igreja está escondendo alguma coisa. Minha filha tinha o direito de estar lá e a igreja tinha responsabilidades sobre ela. Alguém viu o que aconteceu — afirmou.

Por meio da assessoria de imprensa, a Igreja Adventista garantiu que não esconde nada e que as pessoas que estavam no culto prestaram depoimento à Justiça. A igreja nunca revelou os nomes das monitoras que estavam na sala de recreação infantil onde Gabrielli havia sido deixada por um casal de parentes, que assistia ao culto cerca de meia hora antes de a menina desaparecer. Uma das monitoras seria a mulher do pastor.

Fonte: Zero Hora